Nunca fui a pessoa do café até o verão de 2019, quando trabalhei numa cafeteria e conheci de perto o que era o café especial, o quão saboroso e plural ele poderia ser ao ser bem manuseado... E a novidade pra mim e tão pedido por lá: café tônica. Confesso que de imediato o café não foi uma paixão, mas quando comecei a frequentar mais cafeterias, já me passava pela cabeça a possibilidade de tomar um coado, um café tônica, ou um café gelado... Não só pedir um chá, blend, infusão ou um suco como de costume.
Em 2022 veio o arrebatamento hahaha, meu companheiro decidiu comprar uma cafeteira dessas que funcionam com capsulas, já que ele é total team café. Entre um pedido e outro de reposição, estávamos sem capsulas e como ele já estava acostumado à tomar café com frequência em casa, me prontifiquei a aprender a fazer café coado.
Comprei os aparatos, escolhi um bom café à partir de algumas dicas do perfil da Gi Coutinho da Pura Cafeína (inclusive vale super à pena seguir e conhecer o trabalho dela, siga no Insta - @puracaffeina) e comecei a me aventurar nos preparos, deu certo.
Em 2023 iniciamos, eu e o meu marido, uma jornada de autocuidado visando melhorar nossa alimentação e incluindo atividades físicas à nossa rotina... Além do nosso nutricionista indicar uma dose de espresso como pré-treino, estávamos reduzindo o consumo de bebidas alcoólicas, foi aí que o café tônica voltou com tudo, tornando-se a bebida favorita nos dias mais quentes, ali, coladinho com o chá gelado.
Mas, porque você acha que o café foi escolhido no pré-treino e não o chá? E por que o café e o chá podem deixar de ser aliados quando seu consumo se torna mal distribuído, ou desconexo do autoconhecimento? Hoje eu vou te contar um pouco sobre esses dois estimulantes naturais, como eles podem agir e como tem sido essa dinâmica de mescla-los na minha rotina.
Pra começar, quero lembrar que quando eu falo chá, estou falando da planta Camellia Sinenis, que produz o chá verde, preto, branco e outros três tipos mais (tem um post no blog aqui falando brevemente deles todos), e que esta planta possui cafeína, ou melhor TEÍNA.
Sim, muitas pessoas acham que o chá não tem teína, mas tem. A teína e a cafeína são quimicamente idênticas, ambas estimulantes do sistema nervoso central. A principal diferença está na origem: a teína é encontrada naturalmente nas folhas de chá, enquanto a cafeína é mais comumente associada ao café. A sensação de efeito pode variar ligeiramente entre os dois, devido à presença de outros compostos na bebida que podem influenciar na absorção e metabolização.
O café se torna uma opção mais interessante quando pensamos num pré-treino, ou quando precisamos ser estimulados de forma mais rápida pois, além de maior concentração de cafeína, por não possuir taninos (como no caso do chá), metaboliza de forma mais rápida.
No entanto, é importante notar que a resposta à cafeína/teína é altamente individual. Algumas pessoas podem experimentar efeitos colaterais negativos do café, como nervosismo, taquicardia ou desconforto gastrointestinal, especialmente em doses mais altas. Mesmo o chá tendo pouquíssimos efeitos colaterais negativos, ainda sim deve-se atentar à sua sensibilidade à teína, aos horários de consumo, e as super-doses, principalmente se elas estiverem alinhadas à promessas milagrosas... Caia fora!
O chá, por ser metabolizado de forma mais lenta e seus componentes promoverem um estímulo mais prolongado, costumo utilizá-lo ao longo do dia, principalmente após a primeira refeição da manhã e/ou no pós-almoço, pois além de colaborar com a digestão, me mantém ativa durante todo o dia, de forma equilibrada.
Nos dias em que percebo que minha energia já está alta naturalmente (olha o autoconhecimento e a autopercepção aí) e preciso de ajuda para focar nas atividades que realmente importam, evito o consumo do café até mesmo no pré-treino para que o entusiasmo não se transforme em ansiedade, e opto pelo chá, mais especificamente o verde, que contém o aminoácido L-Teanina, que entra numa sinergia poderosa com a teína promovendo um relaxamento sem causar sonolência, suavizando o efeito estimulante da cafeína e promovendo uma deliciosa sensação de bem-estar.
Vira e mexe você me vê ressaltando por aí, que o autocuidado sem o autoconhecimento é vazio e pode até mesmo se torar nocivo...No caso da escolha entre café e chá, não é diferente. Deve-se levar em conta a tolerância à cafeína, os objetivos, a rotina e as preferências, que assim como a jornada de autocuidado, é profundamente pessoal e varia de indivíduo para indivíduo. A escolha entre os dois pode se alinhar harmoniosamente com as necessidades e rituais de cada um, já que estas substâncias oferecem mais do que apenas benefícios físicos, ao se integrarem à rotina, promovendo tanto a vitalidade quanto o equilíbrio.
Reconhecendo suas diferenças e impactos únicos no corpo e na mente, podemos empregar conscientemente a cafeína e a teína não apenas como estimulantes, mas como aliadas na nossa busca contínua por bem-estar e harmonia interior.
